quarta-feira, 9 de agosto de 2017

O TRAVO DA MEMÓRIA


 
Não, não me peças o que eu não te poço dar.

Não, não me exijas o que não tenho para te oferecer.

Não, não me digas o que os meus ouvidos não ouvem.

Não, não me mostres o que os meus olhos não veem.

Não, não me faças sentir o que não sinto.

 

Eu sou o longe e a miragem, o vazio cheio de nada, um rio esmagado pelas suas margens.

Caminho pelo acaso de mão dada com a lonjura, arrebatado por sonhos inatingíveis.

Peito dilacerado por cicatrizes que o tempo não apagou.

Afago os dias, emoldurados na paleta de cores esbatidas pela penumbra de uma aurora que tarda.

Jogo castigador, num abraço desabraçado vindo das entranhas do impenetrável.

Grito em silêncio num apelo às minhas ténues e mortiças forças.

Hoje venero a aceitação a que me resigno.

 

Se tu me ouvisses!

Se tu voltasses!

Se tu recriasses o hino da alegria, da espontaneidade e verdade que juntos ecoamos.

Lembras-te?

Mas tal como a água que nunca passa duas vezes sob a mesma ponte, também o nosso capítulo secreto teve o seu epílogo.

Agora as palavras estão moribundas tornaram-se efémeras.

Não ouso blasfemar pela tua ausência.

Até sempre!!!

 

DIOGO_MAR

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