quinta-feira, 26 de junho de 2014

O AVESSO DO MUNDO




A Pátria que me pariu

Terra de esperança

Sorriso espontâneo no rosto de uma criança.

 

Criança que abraçava o universo

Inocência e verdade, que ocultavam o lado perverso.

 

Espelho de um mundo injusto, construído pelo meu semelhante

Acorda e abandona, esse caminho errante.

 

Desigualdade injustiça é essa a tua lei

Esmagas a plebe, em nome do rei.

 

Ó déspota que vives obcecado pelos bens materiais

Adulteraste e esqueceste os teus princípios ancestrais.

 

Pobre homem de ambição desenfreada

Sonhaste com uma mão cheia de tudo

Sobra-te uma mão cheia de nada!

 

Foi este o caminho que traçaste para o teu destino

Agora já só ecoam as vozes do mais triste hino.

 

Ó aldeia global

Alimentas o esclavagismo social

Rolam lágrimas de fome, miséria e descrença neste meu Portugal!

 

 

DIOGO_MAR

domingo, 22 de junho de 2014

ALBUFEIRA DA MINHA ALMA









Recordo, aquela inesquecível noite cálida, em pleno mês de agosto,
Vivendo e consumindo até as mais profundas entranhas da minha alma, o fervor escaldante e contagiante daquelas noites de Albufeira Velha. Depois de um belo e reconfortante jantar, na companhia, de alguém que por certo ade deixar incontornavelmente, a sua marca na minha vida. Ó quanta saudade! Caminhamos até as barraquinhas de artesanato, representativo de várias culturas que por ali se cruzam. Entre pechisbeque, e peças requintadas, Lá fomos calcorreando as ruelas, deixando que a noite, fosse tomando conta de nós, sem que déssemos por isso. A sua cadência era profundamente gratificante. Estávamos em férias. E férias, são férias, na companhia de alguém que amava. Eu só pedia para o tempo correr o mais devagar possível. Gostava de poder parar o relógio! Ser dono da máquina do tempo! No decorrer do jantar foi notório que algo pairava. As palavras entrecortadas por momentos de silêncio, cheios de mensagens que nós bem descodificávamos. Ríamos e trocávamos olhares, com uma cumplicidade muito forte, sedenta de um beijo que tardava. Continuamos a nossa peregrinação pela feira, vendo os mais variados artigos que nas bancas e expositores havia. Sentia que a nossa cede de amor era cada vez mais intensa e mais sequiosa. Estava escrito nos nossos olhares, No caminhar envoltos naquele abraço. Era a química do amor. Bom, eu que até era renitente quanto a essa frase feita, de química do amor e ao tão falado clique. Eu estava a senti-lo. Queria dar forma, e perder-me pelos frondosos caminhos dessa emoção. Sim, não restavam duvidas era o amor! Sob aquele céu salpicado de estrelas, e tantas luzes psicadélicas, dos bares que enchiam a pequena Albufeira velha, já nada fazia o nosso amor ser discreto. De repente, os meus ouvidos foram assaltados por uma sonoridade que bem conhecia. Os acordes da minha banda preferida, os Pink Floyd. Eu estava rendido a minha paixão, e a minha banda de sempre. Sentámo-nos na esplanada do bar, que nos ia oferecendo o som daquele rock no qual nos revíamos, era uma noite perfeita. Sentíamos que Aquela brisa suave e cálida com um marcante cheiro a maresia, nos havia de precipitar nos braços um do outro. Afinal estava ali a meia dúzia de paços a praia dos pescadores, palco e senário, de tantas histórias de amor. E porque não ser também do nosso? Íamos bebendo o copo, e entre os golos trauteava-mos as músicas. Aquilo não era mais que um breve compasso de espera, para finalmente libertar tudo que no fundo estávamos a sentir, e os nossos corpos a implorar. O apelo ao amor. Entrelaçamos os dedos das nossas mãos húmidas de ansiedade. Eis que surge o primeiro de muitos beijos profundos e carregados de tão nobre sentimento. A sua boca era como uma fonte onde eu estava a saciar a minha sede sôfrega. Deixamos que a emoção nos devorasse. Já nem nos preocupava os olhares, que por ventura recaíssem sobre nós. O mundo era nosso! Eu já só ouvia a música muito ao longe, naquele momento eram os acordes do amor que imperavam. Segredei-lhe a palavra que me assaltou, e que melhor definia aquele momento. Amo-te! A resposta foi imediata.

 
Eu também te amo muito!


E acrescentou, com uma voz firme, mas doce.


 
Vamos caminhar?


 
Não me fiz rogado na resposta.
Sim claro que sim!


 
Ansiedade era recíproca, estávamos sedentos do momento de desnudar os nossos corpos.
Fomos caminhando, ou flutuando, pela praça cheia de gente, com tantas histórias iguais a nossa, que por certo se haviam de cumprir, ao longo da magia das noites de Albufeira velha.
Ficaram para traz os sons, as luzes e o paralelo e bípede que definem a traça daquela vila, e ruelas com tanta história.
Nós também íamos fazer a nossa!
Entramos no pequeno túnel, de acesso ao senário que escolhemos, para o momento tão nosso, tão puro e verdadeiro.
Ali estava a praia dos Pescadores.
Fomos deixando as nossas pegadas marcadas na areia, e para traz o rebuliço de uma vila, cheia de múltiplos sons luz e cor.
Tínhamos na plateia o mar, as estrelas e a indiscreta lua.
Mas não eram presença que nos incomodasse, já que guardam segredo de tudo que veem.
Por certo ficariam felizes por apadrinhar tal momento.
Ficamos imóveis durante alguns instantes, perante o mar, calmo e doce.
Até ele parecia, ter-se associado aquele enlace.
Eu que sempre fui, e sou um apaixonado pelo mar, tinha ali o senário mais que prefeito.
Agora a melodia que ecoava nos nossos ouvidos, era a voz do mar.
O embalo da sua música, veio trazer-nos o som mais fascinante para completar o quadro que estávamos a viver.
Envolvemo-nos num forte e fervoroso abraço, carimbado por um beijo tão imenso como aquele espelho de água.
Deixamo-nos desfalecer naquela areia fina e aveludada.
Ela ia ser o leito do nosso amor.
As mãos passeavam-se pelos nossos corpos.
Num ápice, a pouca roupa deixou de ser barreira a vontade que tínhamos de colar a nossa pele.
Mergulhamos na força cósmica do amor.
Eu tinha passaporte para penetrar o seu corpo, que me implorava esse momento.
Eis que o ato se consumou.
Agora já só se ouvia a nossa respiração sôfrega, por mais! E ainda mais!
A lua beijava os nossos rostos.
A doce e leve brisa, afagava os nossos corpos, como se os estivesse a abençoar.
O mar cantava um hino ao nosso amor.
Ali não há vencedor, nem vencido.
O dicionário, tem poucas palavras e adjetivos, para retratar o que estávamos a sentir, e a viver.
Os nossos braços, prensavam os nossos corpos, como se tivéssemos medo que alguém nos raptasse, pondo cobro aquele momento que não queria-mos que tivesse fim.
Estávamos a escrever uma página, que por certo ficará gravada no livro das nossas vidas.
O clímax chegou, e com ele os sorrisos espontâneos que retratavam a plena felicidade daquele momento.
Ríamos como se de duas crianças se tratassem a quem se presenteia com o maior e melhor chocolate do mundo.
Deixamos na areia, o molde dos nossos corpos, e do nosso amor.
Certos que rubricamos, mais uma das muitas histórias que ficam escritas, no livro do tempo de Albufeira, e da praia dos pescadores.
Ó noite mágica!
Ó sul onde perco o meu norte!
Mas onde sou mais eu.
Ó Albufeira de tantas estravagâncias, de tantos amores, e desamores.
Mas que também és minha!!!


DIOGO MAR


terça-feira, 10 de junho de 2014

À MARGEM DE MIM




Deambula na sombra dos dias, a platónica vontade de te possuir.

Mas perco-me na coragem caduca de um amor adiado.

Caiem-me nas mãos pingos de chuva, em forma de lágrimas sofridas.

Deixo-me embalar, nos braços do vento agreste e sinistro, no regaço da amargura.

É à janela sobranceira ao teu coração, que escrevo linhas retorcidas pela dor lancinante, do teu amor fugidio.

Ó bucólica paisagem, entre dunas e canaviais, onde jaz os nossos mais eloquentes momentos de paixão.

Lembras-te?

Há! Saudade, cravada no peito, que envenenas o meu coração, deixando um trago amargo e doce, de momentos idos!

Percorro veredas e atalhos, escarpados na minha memória, onde bordo o rendilhado da ausência.

Sou um alfarrabista, que encerra pedaços de uma história onde fui interveniente.

Agora já só resta uma mão cheia de nada, tudo se resume, a um capítulo esculpido pelo cinzel do tempo, na pedra bruta, enrugada pela erosão dos anos, que te amei.

São despojos cadavéricos, do restolho de mim, petrificado por um sol frio.

O moinho do nosso amor já não canta

Já não transforma o grão do verbo amar, na farinha do prazer.

Sobra terra queimada, na correnteza dos dias, onde jorram cinzas de saudade!

 

 

Diogo_Mar

domingo, 1 de junho de 2014

O MEU CAVALINHO



No meu cavalinho de madeira, baloiçava a minha infância

Jogava o jogo do tempo, sem qualquer relutância.


Passeava ao sabor dos dias

De uma vida pura e sem maldade

Não fazia parte do meu dicionário a palavra falsidade.


Ó tempos de criança, carregados de magia

Era mais uma flor a despontar para o dia.


Dia de luz pura, e verdadeira

Lá ia eu, galopando no meu cavalinho de madeira.


Galopava ao encontro do futuro cheio de interrogações

No teatro da vida, exposto a ratoeiras e frustrações.


Não corras tanto meu cavalinho de madeira

Deixa-me viver, esta vida de brincadeira!


Afinal não passava de uma criança

A baloiçar um futuro carregado de múltipla esperança.


Era um frágil e pequeno petiz

O tempo havia de ser o meu juiz.


Um juiz cruel e avassalador

Corre mais meu cavalinho, não quero sentir essa dor.


A dor de um mundo desigual

Onde impera o egoísmo

A guerra a fome

Foge, foge cavalinho

Leva-me contigo

Eu não quero ser homem!

 
DIOGO_MAR

CRIANÇA

 
Criança que despontas para a vida,
Entre sol, vento, noite e dia.
Não embaraces a tua caminhada,
Nem olhes para trás na tua via.
 
Caminha sempre em frente, frente olhar firme, passo sereno.
Tu como ser também és gente, e tens direito ao teu terreno.
 
Ao ouvires os ventos agrestes, que sinistros pela noite cantam
Não corras por caminhos tortuosos, nem fixes ilusões que em ti dançam.
 
Sê sempre criança de verdade,
Em tudo que na vida fizeres,
Enfrenta sempre a realidade
Mesmo que de mal na vida tiveres.
 
Não deixes que em ti se apague,
O cristalino brilho do teu olhar.
Nem que maldosamente te tirem,
O bem que em ti despontara!
 
 
Diogo Mar