terça-feira, 27 de maio de 2014

MAR




Navego neste mar sem fim

Feito um barco à deriva, perco-me no infinito, sem saber de mim.

 

Mar de encantos de uma força atroz

Quero falar-te ao ouvido

Por favor, escuta a minha voz!

 

Devoras o tempo com um apetite voraz

Mar gigante, o que te faz ter o coração dividido entre a guerra e a paz?

 

Salgas o meu corpo embalado pelas tuas marés

Desancoras os meus sonhos acorrentados no convés.

 

O meu peito aproado de ilusões

Mar meu confidente diz-me onde guardas tu tantas histórias de Camões!

 

Testemunhos épicos, carregados de lendas e mitos

Lágrimas cristalizadas pelo tempo, de amores e desamores, desfiados nesses escritos.

 

Memórias seculares de alegrias e sofrimentos

Foste a estrada sem passaporte para os nossos descobrimentos.

 

Mar lobo e cordeiro

Solta as amarras, de um amor louco e aventureiro.

 

Repouso o meu olhar a perder de vista nessa tua imensidão

Ó mar imponente, traz a bonança ao meu coração!

 

 

DIOGO_MAR

quinta-feira, 22 de maio de 2014

PALAVRAS DE CORPO INTEIRO




Sou um pássaro livre, embalado pelas mãos agrestes do vento,

Sussurrando, numa voz tênue, e frágil, um doce murmúrio de um lamento.

 

És a aguarela onde percorro, os caminhos frondosos de uma loucura consentida

Encerras nesse teu corpo a dádiva de tudo aquilo que mais quero na minha vida.

 

Sob as minhas azas, encontras o teu abrigo

Cúmplices nos erros e verdades, de uma vida sinuosa, onde me revejo contigo.

 

Coração entalhado neste pedaço de peito

Folheio os dias de um livro, onde tu quanto eu, sou um eterno suspeito.

 

Verbalizo palavras cristalinas e aveludadas, de uma macieza inigualável

Sentimento tão nobre, que por ti transpiram, nesta descrição insaciável.

 

Brotam lampejos de um amor in fervescente

Se tu és seiva!

Não esqueças!

Eu, fui e sou, a tua semente!

 

Amor oculto e desancorado

Amordaço o que sinto, neste nosso enlace com um trago a pecado.

 

Olhos nos olhos numa ânsia sem limite

Mata-me o desejo!

Eu por ti morro de apetite!

 

 

 

DIOGO_MAR

terça-feira, 13 de maio de 2014

REAL? OU IRREAL?




Perco-me na correnteza dos dias, submergidos nas cinzas de uma vida à janela do faz de conta, sufocando a minha dor.

Refugio-me num monólogo, em recriações de um personagem imaginário, com vontade sôfrega de ser verdadeiro.

Tal como um rio, asfixiado pelas suas margens, também eu me sinto prisioneiro de mim próprio.

Um labirinto existencial, moldado aos olhares formatados de uma sociedade implacável, cheia de preconceitos e tradicionalismos bacocos.

Sou órfão de mim mesmo.

Transporto no peito, um vulcão, a expelir uma melancólica, e devastadora frustração desencantada.

Amordaço o meu eu, mato os meus desejos, mascaro a minha essência, só para agradar, a quem facilmente aponta o dedo, mas que nunca serviu de exemplo.

Ó bálsamo enganador!

Coabita em mim, um clima de guerra fria, onde a farsa sai sempre a ganhar.

Mas porque ade ser assim?

Sinto-me covardemente resignado, a uma trajetória que me conduz ao abismo da insatisfação.

Sou uma história inacabada, brinquedo desfeito, vida esquartejada.

Se ao menos, tivesse coragem, de rasgar o guião onde não me revejo.

Mas já nem isso tenho!

Os meus passos perdem-se na ruela de uma cáustica e demolidora saudade prenha de ilusões.

Rastejo moribundo, numa alegoria onde o sol cega o meu ego.

Eu já nem sei de mim, ando a procura, sem jamais me encontrar.

Afinal o que sou?

Uma amálgama?

Um desejo?

Ou um labirinto?

 

 


DIOGO_MAR

domingo, 4 de maio de 2014

RETRATO A LA MINUTA




Aqui estou, rendido e agastado, a contemplar a tua beleza, emoldurada num caixilho que é o meu sofrimento.

Ausência tenebrosa, gélida e cruel, faca afiada pela trajetória do tempo.

Sim, és tu!

Ecoa o meu Grito lancinante no silêncio dos dias, que asfixia o meu eu, empoeirado num álbum de recordações e memórias.

Derramo palavras vestidas de desespero, que resvalam pela tua indiferença atroz.

Recorto com o meu mortiço olhar, a geografia do teu corpo tateado pelos meus dedos, agora, numa fotografia, esbatida e gasta pela erosão dos anos.

Salpico de lágrimas angustiadas, a laje deste meu calvário, de solidão.

Inerte, olhas-me, faminta pelos momentos partilhados na mais que perfeita cumplicidade, dos nossos corpos alagados, num oceano de amor.

Lembras-te?

Esta saudade acorrenta as minhas forças, e coloca um garrote as palavras, que já não consigo soletrar.

Vivo, ou sobrevivo?

Sento-me à soleira do tempo, rebuscando no horizonte uma referência impulsionadora, que me transporte ao teu encontro.

Mas tu já não existes, sepultaste a minha felicidade, na terra fria da ausência.

Hoje num aterrador monólogo, exorcizo-me à conquista do inatingível.

Sobra-me uma mão cheia de nada, é o que resta, despojos de recordações outrora doces, agora com o trago amargo do vazio.

Tornaste-te um insustentável encanto desencantado, cravado no meu peito.

À, quantas vezes te disse, que o sonho era o alimento para a alma!

Mas se isso fez sentido ao teu lado, agora eles petrificaram, essa mesma alma que via na tua a sósia total e absoluta.

Se pelo menos me dissesses olá!

Nem que balbuciasses, com a tua voz terna e melodiosa, a palavra amor!

Eu diria sim a vida!!!

 

 


DIOGO_MAR